No #ilustrasunday de hoje, mais um desabafo. Eu nem diria desabafo; talvez
vômito. Uma das vezes em que o peso das coisas e das palavras (
mais uma vez) é tão grande, e nos engole de maneira que a única forma de conseguir respirar um pouco é colocando tudo pra fora. E como sou
virginiana demais pra dar murros em paredes ou derrubar objetos de prateleiras, que nem nas novelas, o que me resta é desenhar tudo isso pra fora de mim. Transformar os baixos e mais baixos ainda dessa vida em uma personagem que me represente por inteiro, pra dividir o peso dos ombros comigo.
Então essa é uma ilustração pessoal. E então eu criei
uma playlist pra ela, pra ouvir enquanto eu desenhava, que era pra ter certeza de que eu tava colocando pra fora o máximo de coisas possível.
Usei aquarelas Winsor&Newton + Lukas e marcadores brancos e pretos no carnet de voyage da Hahnemühle (mostrei aqui).
Não consegui colocar tudo pra fora. São quase 24 anos inteiros para serem trabalhados. O cansaço de uma vida que nem é tão longa. Tentar segurar as pontas e as bombas, cuidando pra que elas não explodam e, de repente, perceber que você se tornou uma dessas bombas. Uma granada, só esperando que alguém puxe a alavanca. E a gente segue nesse processo de explosão e destroços, e destroços sendo remendados para serem explodidos de novo, a qualquer momento. É difícil assumir os próprios erros; fácil, mesmo, é apontar toda a culpa para o outro. Sempre.
Eu poderia fingir que nada está acontecendo e vir aqui e mostrar uma ilustração bem meiga e feliz, mas aí eu não estaria sendo verdadeira comigo mesma, não estaria sendo sincera, e aí não estaria sendo eu.
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