…algo muito bonito.”
Essa foi a frase que, com alguns graus de astigmatismo, demorei a conseguir ler no
sticker que ganhei da querida Fernanda. E quando li, fiquei naquele estado de
choque – paralisei por fora, mas por dentro, alguma porta esquecida tinha sido aberta, e de repente uma avalanche de sentimentos e memórias começaram a correr e rodopiar por todo espaço dentro de mim.
Posso começar falando que sempre fui uma pessoa bastante elétrica, do tipo que vivia o hoje pensando no amanhã, sem prestar muita atenção ao que estava acontecendo em volta, naquele momento. Eu queria tudo pra ontem, e não queria perder tempo com nada, e nada podia esperar ou ser esperado. E por ser assim, acabava por esperar o mesmo comportamento das pessoas com quem me relacionava, e o que acontece com quem deposita expectativas demais nos outros, vocês já devem bem saber.
Demorou muito, mas muito mesmo, até eu entender que cada coisa, cada pessoa tem seu tempo, e que esse tempo é diferente pra cada um. Demorou mais ainda pra eu perceber que os tempos das pessoas não eram iguais ao meu, e mais ainda até eu entender que era preciso respeitar e entender esses tempos se eu quisesse manter um relacionamento minimamente saudável com os que me rodeiam.

Com algum tempo, alguns anos de terapia e um amor canceriano que sempre foi muito paciente, fui me dando conta dessas pequenas coisas. Como num efeito dominó, cada reflexão despertava uma nova reflexão, e foi assim que comecei a buscar caminhos pra que eu, primeiro, conseguisse compreender a mim e ao meu tempo. Fiz algumas aulas de yoga, de bordado. Passei a me afeiçoar por jardinagem e culinária. Me tornei um ser mais observador e menos participativo, e busquei aprender com cada pequena e grande coisa que acontecia comigo e ao meu redor. Tentei – e ainda tento – ser uma pessoa melhor a cada dia.
Com o bordado, veio a imposição de que certas coisas levam tempo, sim, e que são impossíveis de se fazer com rapidez. Na culinária, um forno pré aquecido por muito tempo (eu ligava enquanto misturava os ingredientes, na tentativa de otimizar tempo) endurece o bolo por fora, mas o deixa cru por dentro. Com a jardinagem, senti como é terrível matar plantas (como demora até se acertar a quantidade de água e de sol!), mas também senti o coração aquecido quando uma de minhas plantinhas floresceu.
Em um momento em que estou à espreita, me focando mais nas partes do que no todo, e me preparando para dar passos largos e importantíssimos na minha vida pessoal e profissional, olhar para essa frase me fez pensar em todas as coisas que precisam de tempo até poderem oferecer algo muito bonito.
Em projetos que vou precisar adiar, nas pessoas que gostaria de ser mais próxima, em objetivos de desenho que ainda não alcancei, em sonhos que ainda não realizei – estes precisam, ainda, de tempo. E me fez pensar em mim mesma que, virginiana como sou, sempre me cobro tanto. E que talvez consiga oferecer algo muito bonito aos que me derem um pouco de tempo (inclusive a mim mesma).
E não poderia finalizar esse post sem falar e agradecer pelo trabalho da Fernanda Meireles, que foi a grande responsável por toda essa avalanche de sentimentos que senti na hora, e do abraço que sinto cada vez que leio essa frase. Sempre me emociono com o poder que a arte tem de nos transportar para tantos lugares e inclusive para dentro de nós mesmos, e a Fernanda consegue isso com tudo que se propõe a fazer.
Se você mora em Fortaleza, não deixe de bater um papo com ela nos bazares/feirinhas que ela participa
(um amor de pessoa!), e se você não vive aqui, vale a pena curtir a Loja sem Paredes no
facebook e dar uma olhada nesse
vídeo, onde a própria Fernanda mostra alguns de seus lindos postais.
Voemos! 🙂
Sofia
Falou tudo! Ótimo jeito de começar a semana!
Juliana
<3
Lidiane Dutra
Que lindo, Ju! Sempre vejo teu trabalho como um reflexo da tua pessoa – em constante evolução e entendimento de si própria. Numa época em que todos querem os holofotes e acreditam que podem abraçar o mundo de uma só vez, é sempre um alento muito, muito bom, ver que ainda tem pessoas que estão preocupadas com a própria existência, com seu estar no mundo.
Beijos!
Juliana
Ô, Lidy, que comentário lindo =~
Acho que se a gente olhar pra gente primeiro (não em um ato de egoísmo, mas de autoconhecimento), vai conseguir entender muito do que acontece no mundo, né.
Um beijo <3
Grazi Lotti
Primeiramente, que trabalho bonito! Tem uma delicadeza e simplicidade que admiro muito.
E isso mesmo, Ju. Sempre fui uma pessoa muito ansiosa, mas ao mesmo tempo muito observadora então acho que isso me ajuda um pouco a focarr mais no presente aheuahue.Porém, ainda sinto que tem certas coisas que precisam de tempo e eu não posso apressá-las. A pressa pode não nos trazer o resultado esperado. Adorei a frase, a imagem que a frase foi escrita, suas fotos e o post xD
Juliana
Acho que 'esperar' tá sendo um dos maiores aprendizados/lições de 2015, né? Lidar com a nossa própria impotência diante das coisas é algo que exige muita maturidade :~
Muito obrigada, Grazi! ♥
Mônica Becker
Sei lá, só <3
Minha primeira interpretação da frase foi algo mais relacionado à arte, que a gente junta um monte de coisa no coração e depois, com o tempo, bota pra fora em formas belas.
Tá muita poesia esse post, se eu falar demais estraga.
Juliana
Dá pra aplicar pra nossa arte, com certeza, Mônica. Ótima colocação! :~)
Muito obrigada pelo carinho <3
Thiciana Mandú
<3 Que amor <3
Juliana
<3 <3 <3
Michelli B.E.
Vou ficar aqui respirando e sentindo esse post que acabei de ler. Me enxerguei demais em cada palavra. Vai ver é a lua =D
Sheyla Xavier
Muito bom post, adorei. Me identifiquei na parte que diz que quer que as pessoas sejam como a gente, isso cria uma expectativa enorme nos outros , né mesmo? Que bom que vc cresceu e prendeu, eu ainda continuo aprendendo a ser menos assim.
Adorei seu blog, vim pela indicação de Betty Gaeta.
Bjos e bom final de semana,
http://www.dmulheres.com.br/